sábado, 21 de maio de 2011

Vó Benedita

Boa noite pra quem é de boa noite, e benção para quem é de benção..!!!!


Irmãos de Fé, novamente “to por aqui co ceis” para contar mais um “bucadinho das minhas prosa”.

Num dia bem nublado no inicio da noite, vinha eu “voltandu duma lida” no mundo dos encarnado, “tava” eu e o Senhor dos Caminho, “homi forti” que Guarda meu menino com todo carinho. Começo a “garoa e vi que eu ainda tava bem longi do meu distino”, de cabeça meio baixa ajeitando meu chapéu falei com o amigo Guardião.

- Senhor, o que faltava agora era uma garoa “né, dispois de de tudo que fizemu lá cum os encardado”, vamos voltar nesta chuvinha que vai “nuns moia tudo.”

Rindo alto o Guardião responde a mim:

- Mestre Jangada, voz estais incomodado com o que mais, não é somente esta chuva que abaixa um pouco a poeira e ameniza o calor que esta te incomodando, se quiserdes podeis falar.

Um pouco tímido respondo:

- “Oohhh Guardião danado, nois num pode nem pensá que o homi já percebi tudo, sabe o qui é as veis vorto de lá meio cansado, como pode aquele bando de encarnado recramá tanto das coisa e acha que nois e empregado dele, eles nem imagina o esforço que nois fais para estar lá tentando ajudar toda aquela genti, to cançadu viu”.

Olhando bem serio nos meus olhos nosso amigo Guardião responde:

- Mestre Jangada, estais há julgar os encarnados, voz de sabedoria profunda estais cansado deles, entendo e compartilho de vossa idéia, mas nunca me queixo deles, pois é por causa deles que conseguimos cumprir nossa missão, vamos tentando modificar a freqüência do pensamento deles, assim os encarnados iram cada vez mais entendendo as Leis da natureza e abraçando as responsabilidades que todos os encarnados possuem.

Ajeitando meu chapéu respondo:

- “Oia Guardião, tó cansando memu viu, sei lá o que pensu nesta hora!”







Novamente, agora gargalhando, nosso amigo Guardião responde:

- Mestre Jangada, olhais aonde estamos, veja como a Natureza é sempre generosa conosco, sejamos encarnados ou não, olhais ali em cima, a casa de seu amigo João, acredito que para passar este frio que estais há sentir por causa da chuva necessitas de um café.

Balanço a cabeça e nem sei mais o que responder, pois nosso amigo Guardião manobra o carroção que estamos e me faz desembarcar na porta da Casa do Seu João me dirigindo as seguintes palavras:

- Desembarcais aqui neste momento Mestre Jangada, vais tomar o Café de João, pois acredito que seu cansaço irá passar.

Desço meio sem graça, e começo a chamar seu João do “portãozinho” que divide a rua do quintal aonde seu João planta seus ervas.

- “Ohhh Seu João, - batendo palmas para chamar a atenção – ooohhh Seu João possu entrá, a garoinha ta me matandu...!!!!!

Na Casinha Branca, a portinha a azul de madeira se abre bem devagar, a vejo aquela Senhora que adoro, Vó Benedita abre aquele sorriso e responde com aquela voz alta.

- “Ohh Mestre Jangada, Nois estava esterandu sunce, entra entra sai da chuva vo passá aquele cafezinho que sunce gosta..!!!”

Entrando já vou agradecendo e respondendo à Vó Benedita:

- “Ohh Vó to contenti demais de ver a Senhora, o Veio João ta por ai?”

Com aquele sorriso a Vó responde:

- “Seu João ta lá com os encarnadu, ainda num vorto mas daqui a pouco vai estar com nois, senta...senta toma o cafezinho com a veia, faz tempo que num prozeio com sunce..!!!”

Sento, ajeito minha gravata, arrumo meu terno e pego das mão da Vó aquela xícara de barro com aquele café cheiroso que só ela sabe fazer, quieto olho para a Vó com cara de “pidão”. Sorrindo para mim ela me dirige a palavra prontamente:

- “Que cara é esta Mestre Jangada, ta com cara de criança que tomo bronca, o Guardião passo um corretivo em sunce? – rindo continua – ou é vontade daquele bolo de fubá que só a Veia sabe faze?”



De cabeça baixa respondo:

- “Num é nada não Vó, só to um bucadinho cansado da lida de hoje, por mais que nois tentamo ajudá os encarnado eles nunca vão entender o que nois fais, e se eles pede e nois num fais, é o Jangada que num é bom de serviço, cansa né Vó!”

Sorrindo e segurando minha mão a Vó Benedita responde:

- “Mestre Jangada, a Vó agora vai conta pra sunce como as coisa são, por que sunce como ser espirituar deve sabe, os encarnadu num sabe o que é ter contato com nois e o tantu de coisa que nois podi passa párea que eles tenham uma vida de mais compreensão, responsabilidadi e tambem conforto nas Luzis dus Divinu, pega o cadernilho ali a comuda que sunce vai escreve umas linha para passar pro nosso meninu ai ele vê o que ele tem que faze com esta linha e quem sabe alguém consegue entende o que nois pensa!”

Rapidinho pego o papel e o lápis na cômoda, sento agora na mesa tomo mais um gole do gostoso café e me preparo para anotar o que a Vó vai dizer. Me olhando sem perder o sorriso a Vó começa a falar:

- “Mestre Jangada, vamos faze do modu antigo, fecha os oio e segura o lápis bem firmi que nois vai interagi com seu espírito, dispois sunce faz a mesma coisa com nosso meninu!”




Vejo a Vó levantando e segurando minha cabeça com todo o carinho, neste momento sinto meu espírito se fundir com o da Vó Benedita, assim minhas mãos começam a escrever as linhas abaixo:



Filhos encarnados, todos nos espíritos de apoio à existência de vocês sempre proliferam palavras de amor e carinho a todos vos, entendemos que a nossa manifestação deixa a caminhada de todos vos mais branda, mas este é o momento de demonstrar algumas verdades a todos vos, logo penso que é o momento de todos entenderem com carinho o que vocês pensam sobre a espiritualidade e o que ela pode ensinar a todos vocês, assim leiam atentamente estes tópicos que tem somente o intuito de ilustrar alguns conceitos:




- Ser Espiritualista não é executar a caridade a terceiro, e entender que caridade não é uma muleta aonde as pessoas se apóiam perdendo a responsabilidade pela caminhada;
- Ser Espiritualista não é aparelhar ou ter acesso aos espíritos desencarnados, ser Espiritualista é entender que vosso espírito é eterno e sábio, e que acender a caminho da Luz e somente escutar seu próprio espírito;
- Ser Espiritualista é entender que quando você se ofende com algo que é dito sobre sua pessoa, aquilo é realmente o que você acredita ser, pois se você não acreditasse realmente que você é aquilo, as palavras nunca iriam lhe ofender;
- Ser Espiritualista é entender que todos vos são centelhas divinas do perfeito, e logo todos são perfeitos, e acreditar que todos vocês são imperfeitos é um conceito que vocês compraram de pessoas que utilizam o conceito de religião ou de acesso aos divinos de uma forma não saudável;
- Ser Espiritualista é entender que o Amor é o único caminho a ascensão de vosso espírito, pois o Amor é o único sentimento que soma, logo tudo que se soma se torna maior e o levará ao caminho da luz, logo se o que você senti não soma, seu sentimento não é Amor;
- Ser Espiritualista é entender que as diferenças são oportunidades de aprendizado e não um ponto de apoio de segregação, pois se a diferença do outro lhe incomoda, essa diferença com certeza é algo que você esconde até mesmo de você, e este sua tentativa de omissão deste seu perfil esta fazendo com que você pare de caminhar;
- Ser Espiritualista é entender que a palavra NÃO pode ser uma boa resposta, pois a negativa somente faz com que os encarnados saiam da zona de conforto que fabrica a estagnação de vossa caminhada;
- Ser Espiritualista é entender que não existe o BEM nem o MAU, o que existe é o uso inadequado das qualidades pessoais de cada um, e este uso inadequado é a causa primaria da negação das vontades de vosso espírito, logo este desagrado pessoal o levará a caminhos que não lhe fazem parte da vossa caminhada;
- Ser Espiritualista é compreender que ser humilde é somente ter orgulho de uma qualidade desta sua encarnação e a exploração total desta qualidade é a alegria principal desta encarnação, pois submissão é um perfil que desagrada seu espírito, logo submissão não é humildade.
- Ser Espiritualista e acreditar que seu espírito é eterno, logo não existe nenhum problema que atrapalhe sua encarnação, pois se sois eterno e os problemas passam, sua eternidade demonstra que os problemas NÃO existem, e se você acreditar que os problemas existem você não acredita que seu espírito é eterno, logo você não é um ser espiritualista.
- Ser Espiritualista é entender que o invólucro carnal que auxilia seu espírito nesta fase de sua caminhada é sagrado, logo ele deve ser devolvido a natureza do mesmo jeito que a natureza lhe presenteou, logo se você não cuida do material você não acredita no eterno sendo assim você não é um Ser Espiritualista;
- Ser Espiritualista é entender que isto é a coisa mais natural de todos nós, logo ser Espiritualista é somente ter o perfil de respeitar a Natureza como um todo e entender que você faz parte da natureza, logo deve ser respeitado.
- Ser Espiritualista é entender que as experiências que passamos é conseqüência de nossas escolhas, logo tentar colocar a causa destas experiências em outra pessoa pode de alguma forma aliviar sua culpa,mas você vai passar por esta experiência por mais que ela desagrade, pois você é causa e não conseqüência de todas as experiências que você passa pela vida.

Filhos pensais no que foi dito, e dêem a razão aos seus corações, pois somente ele é capaz de lhe compreender plenamente.

Neste momento sinto a Vó Benedita se afastar de meu espírito, e enxugando minhas lagrimas abraço a Vó com todo carinho e lhe dirijo as palavras:

- “Vó discupa minhas palavras ignorantes, mas eu tava cego pelo meu ego e num tava compreendendo mais nada, Vó brigado pela prosa e pelo bocadinho de atenção que a Senhora me deu.”

Segurando minha mão a Vó me leva para uma cama num quantinho e me cobre com uma manta e beija minha testa, neste momento entendo que realmente o café da minha Vó fez com que meu frio passasse.

Amor desejo a todos e reflito os auspícios dos divinos em suas vidas e Boa Noite para quem é de Boa Noite, e Benção para quem é de Benção.


JANGADA

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